terça-feira, 29 de maio de 2007

Igreja Um Reino de amor


A Igreja um Reino de Amor

Sem. Pedro Vitalino

I João 4.7-21
Introdução: Napoleão, um dos maiores conquistadores que o mundo já teve, cujo império se estendeu por vários paises, disse, a respeito de Jesus e de seu reinado, palavras que merecem o apoio de todos – “vós falais de César e Alexandre e de suas conquistas, mas podeis conceber homens mortos fazendo conquistas? Jesus Cristo, morto há 1800 anos, governa o mundo de hoje! Alexandre, César, Carlos Magno e eu fundamos impérios. Porém sobre que repousou a criação dos nossos gênios? Sobre a forca. Jesus Cristo, somente, fundou seu império sobre o amor e nesta hora milhões de homens morreriam por Ele”. Ditas estas palavras por um tão notável general, têm enorme significado. Nada mais conquista que o amor. A grande arma, a grande forca, a invencível atração do Reino de Deus é o amor. Ninguém jamais pensou em apoiar um reino, estabelecer um domínio através do sentimento do amor. Jesus veio estabelece-lo e tem sido o campeão invicto e invencível. Diante disto devemos aprender que o lugar desta virtude está no estabelecimento do Reino de Deus, através de sua Igreja, um reino de amor.
I – O EXEMPLO DO REI:
Estabelecendo seu reino sob o regime do amor, Deus se coloca perante todos como exemplo dessa virtude. O texto que lemos nos mostra isso:
a) O amor é da própria essência de Deus – (V.8) declara explicitamente que Deus é amor. Esse atributo é manifestado de modo bem claro, através de seus atos. Uma das provas do amor de Deus é o seu cuidado pela criaturas. Sl 40.17 A providencia de deus é um ato espontâneo de sua graça. Outra prova do amor divino é a sua disposição em perdoar. Veja Sl 65.2,3 – Isaias 55.7 – Efesios 4.32. Esta doutrina é a grande revelação do Novo Testamento. Exposta com Clareza em João 3.16-21, onde a doutrina tem sido o maior estimulo ao progresso do Reino. Sobre ela tem se escrito livros.
b) O amor é de origem divina – (v.7), porque o amor procede de Deus, (v.19) nós o amamos porque ele nos amou primeiro. Quando nós nos aproximamos de Deus, ele já estava perto de nós. É confortador saber que Deus mesmo tem a iniciativa. Veja João 15.16, Romanos 5.8.
c) O amor de Deus exigiu-lhe o maior sacrifício – João 3.16 mostra, de forma enfática, como provou Deus esse amor “de tal maneira” – essa idéia que é repetida no v.11.
Deus é o nosso maior exemplo de amor, do qual ele teve a iniciativa e deu a maior prova.
II – A EXIGENCIA DO REI:
Devemos notar que somos cidadãos do reino e como cidadãos deste reino devemos ser praticantes do verdadeiro amor cristão. Para pertencer a este reino é preciso esse exercício, e isso por motivos bem ponderáveis.
a) O amor é prova da filiação com Deus – v.7,v.13, v.12, v.16 – olhando para o capitulo 3, verso 23 e 24, o apostolo João ensinava a mesma coisa, mostrando que o cumpre o mandamento do amor está ligado a Deus.
b) É prova de nossa comunhão com os irmãos – V.12. Não pode haver comunhão onde não existe amor. Comunhão é ter tudo em comum.
c) É prova da união com Cristo. O amor é o laço que nos une a Jesus. É também o elo que nos liga uns aos outros. Quem ama Deus, ao próximo com verdadeiro amor esta demonstrando união com o Senhor.
d) É mandamento divino – v.21 – Jesus ordena isto ao seus discípulos (mt. 22.37,39 – Jô 13.34 – João 15.12.

III – O ENSINO DO REI :

1ª) O LUGAR DO AMOR - . é interessante observar que esta virtude tem lugar de destaque no ensino do Novo testamento. Esta ocupa a posição do primeiro e maior mandamento Mt. 22.37, Lc 10.27. Jesus ainda nos aconselha a amar os inimigos, coisa que nenhum outro rei faria – Mt 5.44, Lc 6.27. a pratica do amor é o grande segredo da harmonia e da união veja I Jo 2.1-7.
2ª) A POSIÇÃO DO AMOR - o amor é o centro de toda vida, é o vinculo da perfeição colossenses 3.14, se queremos crescer na careira cristã temos que excecitar o amor, pois esta é o resumo da lei Romanos 13.9.
3ª) OS EFEITOS DO AMOR a grande forca do reino de Deus reside no poder do amor. Paulo exortando os crentes de Roma fala deste amor Romanos 12.20,21.

Conclusão : como cidadãos do reino, devemos viver na pratica do amor. Atuando no mundo e dentro de nossas igrejas, ou seja comunitariamente e individualmente.

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Historia da Igreja Presbiteriana do Brasil - III

História da Igreja Presbiteriana do Brasil (3ª parte) Organização (1932-1959). • Neste período a IPB continuou a crescer e a aperfeiçoar a sua estrutura, criando entidades voltadas para o trabalho feminino, mocidade, missões nacionais e estrangeiras, literatura e ação social. O período terminou com a comemoração do centenário do presbiterianismo no Brasil. • A igreja era constituída dos seguintes sínodos: (1) Setentrional: estendia-se de Alagoas até a Amazônia, estando o maior número de igrejas no Estado de Pernambuco; (2) Bahia-Sergipe: criado em 1950, quando o Presbitério Bahia-Sergipe, antigo campo da Missão Central, dividiu-se nos presbitérios de Salvador, Campo Formoso e Itabuna; (3) Minas-Espírito Santo: surgiu em 1946, abrangendo o leste de Minas e o Espírito Santo, a região de maior crescimento da igreja; (4) Central: formado em 1928, incluía o Estado do Rio de Janeiro, bem como o sul e o oeste de Minas Gerais; (5) Meridional: sínodo histórico (1910-47), abrangia São Paulo, Paraná e Santa Catarina; (6) Oeste do Brasil: foi formado em 1947, abrangendo todo o norte e oeste de São Paulo. No final da década de 50, foram entregues pelas missões os Presbitérios do Triângulo Mineiro, Goiás e Cuiabá. • Nesse período, as missões norte-americanas continuaram o seu trabalho: (1) PCUS: (a) Missão Norte: atuou no nordeste, onde o principal obreiro foi o Rev. William Calvin Porter (†1939); o campo mais importante era o de Garanhuns, onde estavam o Colégio 15 de Novembro e o jornal Norte Evangélico; (b) Missão Leste: atuou no oeste de Minas e depois em Dourados, Mato Grosso, cuja igreja foi organizada em 1951. (c) Missão Oeste: concentrou-se mais no Triângulo Mineiro, onde o casal Edward e Mary Lane fundou em 1933 o Instituto Bíblico de Patrocínio. (2) PCUSA: (a) Missão Central: seus principais campos eram Ponte Nova/Itacira, a bacia do Rio São Francisco, o sul da Bahia e o norte de Minas.; (b) Missão Sul: atuou no Paraná e Santa Catariana, fundindo-se com a Missão Central por volta de 1937. O Rev. Filipe Landes foi grande evangelista no Mato Grosso (norte e sul). Em Rio Verde, Goiás, atuou o Rev. Dr. Donald Gordon. • Trabalho feminino: as primeiras sociedades de senhoras surgiram em 1884-85 e as primeiras federações, na década de 1920. Os primeiros secretários gerais do trabalho feminino foram o Rev. Jorge T. Goulart e as sras. Genoveva Marchant, Blanche Lício, Cecília Siqueira e Nady Werner. O primeiro congresso nacional reuniu-se na I. P. Riachuelo, no Rio, em 1941; o segundo congresso realizou-se também no Rio em 1954. A SAF em Revista foi criada em 1954. • Mocidade: algumas entidades precursoras foram a Associação Cristã de Moços (Myron Clark), o Esforço Cristão (Clara Hough) e a União Cristã de Estudantes de Brasil (Eduardo P. Magalhães). Benjamim Moraes Filho foi o primeiro secretário do trabalho da mocidade (1938). O primeiro congresso nacional reuniu-se em Jacarepaguá em 1946, quando foi criada a confederação. Entre os líderes da época estavam Francisco Alves, Jorge César Mota, Paulo César, Waldo César, Tércio Emerique, Gutemberg de Campos, Paulo Rizzo e Billy Gammon. • Missões Nacionais: em 1940 foi organizada na I. P. Unida a Junta Mista de Missões Nacionais, com representantes da IPB e das missões norte-americanas. Entre os primeiros líderes estavam Coriolano de Assunção, Guilherme Kerr, Filipe Landes, Eduardo Lane, José Carlos Nogueira e Wilson N. Lício. Até 1958, a Junta ocupou quinze regiões em todo o Brasil, com cerca de 150 locais de pregação. Em 1950 foi criada a Missão Presbiteriana da Amazônia. • Missão em Portugal: os primeiros obreiros foram João da Mota Sobrinho (1911-1922) e Paschoal Luiz Pitta (1925-1940). Em 1944 a IPB assumiu o trabalho e foi criada a Junta de Missões Estrangeiras, com o apoio das igrejas norte-americanas. Os primeiros missionários foram Natanael Emerique, Aureliano Lino Pires, Natanael Beuttenmuller e Teófilo Carnier. • Outras organizações: (a) Casa Editora: começou a ser organizada em 1945, no início da Campanha do Centenário, sob a liderança do Rev. Boanerges Ribeiro. A primeira sede foi instalada em dependências cedidas pela I. P. Unida, na Rua Helvetia. (b) Orfanatos: em 1910, a Assembléia Geral planejou um orfanato para Lavras; em 1919, passou a funcionar em Valença, e em 1929 veio a ocupar uma propriedade da I. P. de Copacabana em Jacarepaguá. O orfanato foi denominado Instituto Álvaro Reis. (c) Conselho Interpresbiteriano (CIP): foi criado em 1955 para superintender as relações da IPB com as missões e as juntas missionárias dos Estados Unidos. Tinha mais autoridade que o "modus operandi" de 1917. • Outras igrejas: (a) Igreja Presbiteriana Independente: em 1957, foi criado o Supremo Concílio, com três sínodos, dez presbitérios, 189 igrejas, 105 pastores e cerca de 30 mil membros comungantes; O Estandarte continuava a ser o jornal oficial. No final dos anos 30 houve um conflito teológico. Em 1942, um grupo de intelectuais liberais (entre os quais o Rev. Eduardo P. Magalhães) retirou-se da IPI e formou a Igreja Cristã de São Paulo. (b) Igreja Presbiteriana Conservadora: foi fundada em 1940 pelos membros da Liga Conservadora da IPI. Em 1957, contava com mais de vinte igrejas em quatro estados e tinha um seminário. Seu órgão oficial é O Presbiteriano Conservador. (c) Igreja Presbiteriana Fundamentalista: foi fundada em 1956 pelo Rev. Israel Gueiros, pastor da 1ª I. P. de Recife e ligado ao Concílio Internacional de Igrejas Cristãs (do fundamentalista americano Carl McIntire). • Neste período, a IPB participou de vários movimentos cooperativos: Associação Evangélica Beneficente (fundada por Otoniel Mota em 1928), Associação Cristã de Beneficência Ebenézer (dirigida pelo Dr. Benjamin Hunnicutt), Missão Evangélica Caiuá, Instituto José Manoel da Conceição, Confederação Evangélica do Brasil (fundada em 1934), Sociedade Bíblica do Brasil, Centro Áudio-Visual Evangélico (CAVE, fundado em 1951) e Universidade Mackenzie, transferida à IPB no início dos anos 60. • Constituição da IPB: em 1924, foram aprovadas pequenas modificações no antigo Livro de Ordem adotado quando da criação do Sínodo, em 1888. Em 1937, entrou em vigor a nova Constituição da Igreja (os independentes haviam aprovado a sua três anos antes), sendo criado o Supremo Concílio. Houve protestos do norte contra alguns pontos: diaconato para ambos os sexos, "confirmação" em vez de "profissão de fé" e o nome "Igreja Cristã Presbiteriana." Em 1950, foi promulgada um nova Constituição e no ano seguinte o Código de Disciplina e os Princípios de Liturgia. • Estatística: em 1957, a IPB contava com seis sínodos, 41 presbitérios, 489 igrejas, 883 congregações, 369 ministros, 127 candidatos ao ministério, 89.741 membros comungantes e 71.650 não-comungantes. Os primeiros presidentes do Supremo Concílio foram os Revs. Guilherme Kerr, José Carlos Nogueira, Natanael Cortez, Benjamim Moraes Filho e José Borges dos Santos Júnior. • A Campanha do Centenário: foi lançada em 1946, tendo como objetivos: avivamento espiritual, expansão numérica, consolidação das instituições da igreja, afirmação da fé reformada e homenagem aos pioneiros. A Comissão Central do Centenário, organizada em 1948, enfrentou muitas dificuldades. Após 1950, a campanha ganhou ímpeto. A Comissão Unida do Centenário (IPB, IPI e I. Reformada Húngara) planejou uma grande campanha evangelística (Edwyn Orr e William Dunlap) que se estendeu por todo o país em 1952. Outras medidas: criação do Museu Presbiteriano, Seminário do Centenário e jornal Brasil Presbiteriano, resultante da fusão de O Puritano e Norte Evangélico (1958). A 18ª Assembléia da Aliança Presbiteriana Mundial reuniu-se em São Paulo de 27-07 a 06-08 de 1959. O lema do centenário foi: "Um ano de gratidão por um século de bênçãos."

História da Igreja Presbiteriana do Brasil - II

História da Igreja Presbiteriana do Brasil (2ª parte) Reconstituição (1903-1917). No início de agosto de 1903, os independentes organizaram o seu presbitério, com quinze presbíteros e sete pastores (Eduardo C. Pereira, Caetano Nogueira Jr., Bento Ferraz, Ernesto Luiz de Oliveira, Otoniel Mota, Alfredo Borges Teixeira e Vicente Temudo Lessa). Seguiu-se um triste período de divisões de comunidades, luta pela posse de propriedades, litígios judiciais. Uma pastoral do Presbitério Independente chegou a vedar aos sinodais a Ceia do Senhor. O período mais conflitivo estendeu-se até 1906. Nessa época, o Sínodo contava com 77 igrejas e cerca de 6500 membros; em 1907, os independentes tinham 56 igrejas e 4200 comungantes. O prédio do seminário, no Higienópolis, foi ocupado sem solenidade em setembro de 1899. Os principais professores eram os Revs. John R. Smith e Erasmo Braga (este a partir de 1901); o principal membro da diretoria era o Rev. Álvaro Reis. Em fevereiro de 1907, o seminário foi transferido para Campinas, ocupando a antiga propriedade do Colégio Internacional. A primeira turma de Campinas só se formou em 1912. Entre os formandos estavam Tancredo Costa, Herculano de Gouvêa Jr., Miguel Rizzo Jr. e Paschoal Luiz Pitta. Mais tarde viriam Guilherme Kerr, Jorge T. Goulart, Galdino Moreira e José Carlos Nogueira. A obra presbiteriana crescia em muitos lugares. A primeira cidade atingida no Leste de Minas foi Alto Jequitibá (Manhuaçu) e no Espírito Santo, São José do Calçado. Os primeiros pastores daqueles campos foram Matatias Gomes dos Santos, Aníbal Nora, Constâncio Omero Omegna e Samuel Barbosa. No Vale do Ribeira, o evangelista Willes R. Banks continuava em atividade; a família Vassão daria grandes contribuições à igreja. Em 1907, o Sínodo dividiu-se em dois (Norte e Sul) e em 1910 foi organizada a Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana do Brasil. O moderador do último sínodo e instalador da Assembléia Geral foi o veterano Modesto Carvalhosa, ordenado 40 anos antes. A Assembléia Geral foi instalada na Igreja do Rio e o Rev. Álvaro Reis foi eleito seu primeiro moderador. Os conciliares visitaram a Ilha de Villegaignon para lembrar os mártires calvinistas e comemorar o 4º centenário do nascimento de Calvino. Na época, a Igreja Presbiteriana do Brasil tinha 10 mil membros comungantes, outro tanto de menores e cerca de 150 igrejas em sete presbitérios. As demais denominações tinham os seguintes números: metodistas - 6 mil membros; independentes - 5 mil; batistas - 5 mil; episcopais - cerca de mil. Em 1911, a IPB enviou o seu primeiro missionário a Portugal, Rev. João da Mota Sobrinho, que lá ficou até 1922. Os missionários americanos continuam em plena atividade. A Missão Sul da PCUS dividiu-se em Missão Leste (Lavras) e Missão Oeste (Campinas) devido a divergências quanto ao lugar da educação na obra missionária. O Rev. William Waddell fundou uma influente escola em Ponte Nova, Bahia. Pierce Chamberlain trabalhou na Bahia de 1899 a 1909. A obra presbiteriana no Mato Grosso começou nesse período: os pioneiros foram os missionários Franklin Graham (1913) e Philippe Landes (1915). Em 1917, foi aprovado o Modus Operandi, um acordo entre a igreja e as missões norte-americanas pelo qual os missionários desligaram-se dos concílios da IPB, separando-se os campos nacionais (presbitérios) dos campos das missões. Em 1924, pela primeira reuniu-se a Assembléia Geral sem nenhum missionário como delegado de presbitério. Cooperação (1917-1932). O maior líder presbiteriano desse período foi o Rev. Erasmo Braga (1877-1932), professor do seminário e secretário da Assembléia Geral. Em 1916, participou com dois colegas do Congresso de Ação Cristã na América Latina, no Panamá. Poucos anos depois, tornou-se o dinâmico secretário da Comissão Brasileira de Cooperação, entidade que liderou um grande esforço cooperativo entre as igrejas evangélicas do Brasil na década de 1920. As principais áreas de cooperação foram literatura, educação cristã e educação teológica. Foi fundado o Seminário Unido no Rio de Janeiro, que existiu até 1932. Outros esforços cooperativos desse período foram: (1) Instituto José Manoel da Conceição, fundado pelo Rev. William A. Waddell na cidade de Jandira, perto de São Paulo (1928); visava preparar os jovens que depois seguiriam para o seminário. (2) Associação Evangélica de Catequese dos Índios (1928), depois Missão Evangélica Caiuá: idealizada pelo Rev. Albert S. Maxwell e instalada em Dourados, Mato Grosso; esforço cooperativo das igrejas presbiteriana, independente, metodista e episcopal. O Seminário de Campinas correu o risco de ser extinto por causa do Seminário Unido, mas finalmente superou a crise. Em 1921, o Seminário do Norte foi transferido para o Recife. As principais instituições educacionais das missões eram o Colégio Agnes Erskine, em Recife; Colégio 15 de Novembro (Garanhuns); Escola de Ponte Nova (Bahia); Colégio 2 de Julho (Salvador); Instituto Gammon (Lavras); Instituto Cristão (Castro) e principalmente o Mackenzie. Os principais periódicos presbiterianos eram O Puritano e o Norte Evangélico. Em 1924, a Assembléia Geral encerrou o trabalho missionário em Lisboa. No mesmo ano, Erasmo Braga e alguns amigos fundaram a Sociedade Missionária Brasileira de Evangelização em Portugal, que enviou para aquele país o Rev. Paschoal L. Pitta e sua esposa Odete. O casal ali esteve por quinze anos (1925-1940), regressando ao Brasil devido à constante falta de recursos. Em 1921, morreu o Rev. Antonio Bandeira Trajano. Com ele desapareceu a primeira geração de obreiros presbiterianos no Brasil, os da década de 1860. Outros obreiros falecidos nesse período foram: Eduardo Carlos Pereira (1923), Álvaro Reis (1925), Carlota Kemper (1927), Samuel Gammon (1928) e Erasmo Braga (1932). História da Igreja Presbiteriana do Brasil (2ª parte) Reconstituição (1903-1917). No início de agosto de 1903, os independentes organizaram o seu presbitério, com quinze presbíteros e sete pastores (Eduardo C. Pereira, Caetano Nogueira Jr., Bento Ferraz, Ernesto Luiz de Oliveira, Otoniel Mota, Alfredo Borges Teixeira e Vicente Temudo Lessa). Seguiu-se um triste período de divisões de comunidades, luta pela posse de propriedades, litígios judiciais. Uma pastoral do Presbitério Independente chegou a vedar aos sinodais a Ceia do Senhor. O período mais conflitivo estendeu-se até 1906. Nessa época, o Sínodo contava com 77 igrejas e cerca de 6500 membros; em 1907, os independentes tinham 56 igrejas e 4200 comungantes. O prédio do seminário, no Higienópolis, foi ocupado sem solenidade em setembro de 1899. Os principais professores eram os Revs. John R. Smith e Erasmo Braga (este a partir de 1901); o principal membro da diretoria era o Rev. Álvaro Reis. Em fevereiro de 1907, o seminário foi transferido para Campinas, ocupando a antiga propriedade do Colégio Internacional. A primeira turma de Campinas só se formou em 1912. Entre os formandos estavam Tancredo Costa, Herculano de Gouvêa Jr., Miguel Rizzo Jr. e Paschoal Luiz Pitta. Mais tarde viriam Guilherme Kerr, Jorge T. Goulart, Galdino Moreira e José Carlos Nogueira. A obra presbiteriana crescia em muitos lugares. A primeira cidade atingida no Leste de Minas foi Alto Jequitibá (Manhuaçu) e no Espírito Santo, São José do Calçado. Os primeiros pastores daqueles campos foram Matatias Gomes dos Santos, Aníbal Nora, Constâncio Omero Omegna e Samuel Barbosa. No Vale do Ribeira, o evangelista Willes R. Banks continuava em atividade; a família Vassão daria grandes contribuições à igreja. Em 1907, o Sínodo dividiu-se em dois (Norte e Sul) e em 1910 foi organizada a Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana do Brasil. O moderador do último sínodo e instalador da Assembléia Geral foi o veterano Modesto Carvalhosa, ordenado 40 anos antes. A Assembléia Geral foi instalada na Igreja do Rio e o Rev. Álvaro Reis foi eleito seu primeiro moderador. Os conciliares visitaram a Ilha de Villegaignon para lembrar os mártires calvinistas e comemorar o 4º centenário do nascimento de Calvino. Na época, a Igreja Presbiteriana do Brasil tinha 10 mil membros comungantes, outro tanto de menores e cerca de 150 igrejas em sete presbitérios. As demais denominações tinham os seguintes números: metodistas - 6 mil membros; independentes - 5 mil; batistas - 5 mil; episcopais - cerca de mil. Em 1911, a IPB enviou o seu primeiro missionário a Portugal, Rev. João da Mota Sobrinho, que lá ficou até 1922. Os missionários americanos continuam em plena atividade. A Missão Sul da PCUS dividiu-se em Missão Leste (Lavras) e Missão Oeste (Campinas) devido a divergências quanto ao lugar da educação na obra missionária. O Rev. William Waddell fundou uma influente escola em Ponte Nova, Bahia. Pierce Chamberlain trabalhou na Bahia de 1899 a 1909. A obra presbiteriana no Mato Grosso começou nesse período: os pioneiros foram os missionários Franklin Graham (1913) e Philippe Landes (1915). Em 1917, foi aprovado o Modus Operandi, um acordo entre a igreja e as missões norte-americanas pelo qual os missionários desligaram-se dos concílios da IPB, separando-se os campos nacionais (presbitérios) dos campos das missões. Em 1924, pela primeira reuniu-se a Assembléia Geral sem nenhum missionário como delegado de presbitério. Cooperação (1917-1932). O maior líder presbiteriano desse período foi o Rev. Erasmo Braga (1877-1932), professor do seminário e secretário da Assembléia Geral. Em 1916, participou com dois colegas do Congresso de Ação Cristã na América Latina, no Panamá. Poucos anos depois, tornou-se o dinâmico secretário da Comissão Brasileira de Cooperação, entidade que liderou um grande esforço cooperativo entre as igrejas evangélicas do Brasil na década de 1920. As principais áreas de cooperação foram literatura, educação cristã e educação teológica. Foi fundado o Seminário Unido no Rio de Janeiro, que existiu até 1932. Outros esforços cooperativos desse período foram: (1) Instituto José Manoel da Conceição, fundado pelo Rev. William A. Waddell na cidade de Jandira, perto de São Paulo (1928); visava preparar os jovens que depois seguiriam para o seminário. (2) Associação Evangélica de Catequese dos Índios (1928), depois Missão Evangélica Caiuá: idealizada pelo Rev. Albert S. Maxwell e instalada em Dourados, Mato Grosso; esforço cooperativo das igrejas presbiteriana, independente, metodista e episcopal. O Seminário de Campinas correu o risco de ser extinto por causa do Seminário Unido, mas finalmente superou a crise. Em 1921, o Seminário do Norte foi transferido para o Recife. As principais instituições educacionais das missões eram o Colégio Agnes Erskine, em Recife; Colégio 15 de Novembro (Garanhuns); Escola de Ponte Nova (Bahia); Colégio 2 de Julho (Salvador); Instituto Gammon (Lavras); Instituto Cristão (Castro) e principalmente o Mackenzie. Os principais periódicos presbiterianos eram O Puritano e o Norte Evangélico. Em 1924, a Assembléia Geral encerrou o trabalho missionário em Lisboa. No mesmo ano, Erasmo Braga e alguns amigos fundaram a Sociedade Missionária Brasileira de Evangelização em Portugal, que enviou para aquele país o Rev. Paschoal L. Pitta e sua esposa Odete. O casal ali esteve por quinze anos (1925-1940), regressando ao Brasil devido à constante falta de recursos. Em 1921, morreu o Rev. Antonio Bandeira Trajano. Com ele desapareceu a primeira geração de obreiros presbiterianos no Brasil, os da década de 1860. Outros obreiros falecidos nesse período foram: Eduardo Carlos Pereira (1923), Álvaro Reis (1925), Carlota Kemper (1927), Samuel Gammon (1928) e Erasmo Braga (1932).

A História da Igreja Presbiteriana da Brasil - I

História da Igreja Presbiteriana do Brasil Atualmente, existem no Brasil várias denominações de origem reformada ou calvinista. Entre elas incluem-se a Igreja Presbiteriana Independente, a Igreja Presbiteriana Conservadora e algumas igrejas criadas por imigrantes vindos da Europa continental, como suíços, holandeses e húngaros. Todavia, a maior e mais antiga denominação reformada do país é a Igreja Presbiteriana do Brasil. Sua história divide-se em alguns períodos bem definidos: Implantação (1859-1869). O surgimento do presbiterianismo no Brasil resultou do pioneirismo e desprendimento do Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867). Nascido em West Hanover, na Pensilvânia, Simonton estudou no Colégio de Nova Jersey e inicialmente pensou em ser professor ou advogado. Alcançado por um reavivamento em 1855, fez sua profissão de fé e pouco depois ingressou no Seminário de Princeton. Um sermão pregado por seu professor, o famoso teólogo Charles Hodge, levou-o a considerar o trabalho missionário no estrangeiro. Três anos depois, candidatou-se perante a Junta de Missões da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, citando o Brasil como campo de sua preferência. Dois meses após a sua ordenação, embarcou para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859, aos 26 anos de idade. Em abril de 1860, Simonton dirigiu o seu primeiro culto em português; em janeiro de 1862, recebeu os primeiros membros, sendo fundada a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. No breve período em que viveu no Brasil, Simonton, auxiliado por alguns colegas, fundou o primeiro jornal evangélico do país (Imprensa Evangélica, 1864), criou o primeiro presbitério (1865) e organizou um seminário (1867). O Rev. Simonton morreu vitimado pela febre amarela aos 34 anos, em 1867 (sua esposa, Helen Murdoch, havia falecido três anos antes). Os principais colaboradores de Simonton nesse período foram: seu cunhado Alexander L. Blackford, que em 1865 organizou as igrejas de São Paulo e Brotas; Francis J. C. Schneider, que trabalhou entre os imigrantes alemães em Rio Claro, lecionou no seminário do Rio e foi missionário na Bahia; George W. Chamberlain, grande evangelista e operoso pastor da Igreja de São Paulo. Os quatro únicos estudantes do "seminário primitivo" foram também grandes obreiros: Antonio B. Trajano, Miguel G. Torres, Modesto P. B. Carvalhosa e Antonio Pedro de Cerqueira Leite. Outras poucas igrejas organizadas no primeiro decênio foram as de Lorena, Borda da Mata (Pouso Alegre) e Sorocaba. O homem que mais contribuiu para a criação dessas e outras igrejas foi o notável Rev. José Manoel da Conceição (1822-1873), um ex-sacerdote que tornou-se o primeiro brasileiro a ser ordenado ministro do evangelho (1865). Visitou incansavelmente dezenas de vilas e cidades no interior de São Paulo, Vale do Paraíba e sul de Minas, pregando o evangelho da graça. Consolidação (1869-1888). Simonton e seus companheiros eram todos da igreja presbiteriana do norte dos Estados Unidos (PCUSA). Em 1869 chegaram os primeiros missionários da igreja do sul (PCUS): George N. Morton e Edward Lane. Eles fixaram-se em Campinas, região onde havia muitas famílias norte-americanas que vieram para o Brasil após a Guerra Civil no seu país (1861-65). Em 1870, Morton e Lane fundaram a igreja de Campinas e em 1873 o famoso, porém efêmero, Colégio Internacional. Os missionários da PCUS evangelizaram a região da Mogiana, o oeste de Minas, o Triângulo Mineiro e o sul de Goiás. O pioneiro em várias dessas regiões foi o incansável Rev. John Boyle. Os obreiros da PCUS também foram os pioneiros presbiterianos no nordeste e norte do Brasil (de Alagoas até a Amazônia). Os principais foram John Rockwell Smith, fundador da igreja do Recife (1878); DeLacey Wardlaw, pioneiro em Fortaleza; e o Dr. George W. Butler, o "médico amado" de Pernambuco. O mais conhecido dentre os primeiros pastores brasileiros do nordeste foi o Rev. Belmiro de Araújo César, patriarca de uma grande família presbiteriana. Enquanto isso, os missionários da igreja do norte dos Estados Unidos também continuavam o seu trabalho, auxiliados por novos colegas. Seus principais campos eram Bahia e Sergipe, onde atuou, além de Schneider e Blackford, o Rev. John Benjamin Kolb; Rio de Janeiro, que inaugurou seu templo em 1874, e Nova Friburgo, onde trabalhou o Rev. John M. Kyle; Paraná, cujos pioneiros foram Robert Lenington e George A. Landes; e especialmente São Paulo. Na capital paulista, o casal Chamberlain fundou em 1870 a Escola Americana, que mais tarde veio a ser o Mackenzie College, dirigido pelo educador Horace Manley Lane. No interior da província destacou-se o Rev. João Fernandes Dagama, português da Ilha da Madeira. No Rio Grande do Sul, trabalhou por algum tempo o Rev. Emanuel Vanorden, um judeu holandês. Entre os novos pastores "nacionais" desse período estavam Eduardo Carlos Pereira, José Zacarias de Miranda, Manuel Antônio de Menezes, Delfino dos Anjos Teixeira, João Ribeiro de Carvalho Braga e Caetano Nogueira Júnior. As duas igrejas norte-americanas também enviaram notáveis missionárias educadoras: Mary P. Dascomb, Elmira Kuhl, Nannie Henderson e Charlotte Kemper. Dissensão (1888-1903). Em setembro de 1888 foi organizado o Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil, que assim tornou-se autônoma, desligando-se das igrejas-mães norte-americanas. O Sínodo compunha-se de três presbitérios (Rio de Janeiro, Campinas-Oeste de Minas e Pernambuco) e tinha vinte missionários, doze pastores nacionais e 59 igrejas. O primeiro moderador foi o veterano Rev. Blackford. O Sínodo criou o Seminário Presbiteriano, elegeu seus dois primeiros professores e dividiu o Presbitério de Campinas e Oeste de Minas em dois: São Paulo e Minas. Nesse período a denominação expandiu-se grandemente, com muitos novos missionários, pastores brasileiros e igrejas locais. O Seminário começou a funcionar em Nova Friburgo no final de 1892 e no início de 1895 transferiu-se para São Paulo, tendo à frente o Rev. John Rockwell Smith. O Mackenzie College ou Colégio Protestante foi criado em 1891, sendo seu primeiro presidente o Dr. Horace M. Lane. Por causa da febre amarela, o Colégio Internacional foi transferido de Campinas para Lavras, e mais tarde veio a chamar-se Instituto Gammon, numa homenagem ao seu grande líder, o Rev. Samuel R. Gammon (1865-1928). A primeira escola evangélica do nordeste foi o Colégio Americano de Natal (1895), fundado por Katherine H. Porter, esposa do Rev. William C. Porter. Na mesma época, a cidade de Garanhuns começou a tornar-se um grande centro da obra presbiteriana. Além do trabalho evangelístico, foram lançadas as bases de duas importantes instituições educacionais: o Colégio Quinze de Novembro e o Seminário do Norte, hoje sediado em Recife. No final desse período, além de estar presente em todos os estados do nordeste, a Igreja Presbiteriana chegou ao Pará e ao Amazonas. No sul, foi iniciada a obra presbiteriana em Santa Catarina (São Francisco do Sul e Florianópolis). A igreja também iniciou a sua marcha vitoriosa no leste de Minas. O primeiro obreiro a residir em Alto Jequitibá foi o Rev. Matatias Gomes dos Santos (1901). As igrejas de São Paulo e do Rio de Janeiro passaram a ser pastoreadas por dois grandes líderes, respectivamente Eduardo Carlos Pereira (1888) e Álvaro Emídio G. dos Reis (1897). Infelizmente, os progressos desse período foram em parte ofuscados por uma grave crise que se abateu sobre a vida da igreja. Inicialmente, surgiu uma diferença de prioridades entre o Sínodo e a Junta de Missões de Nova York. O Sínodo queria apoio para a obra evangelística e para instalar o Seminário, ao passo que a Junta preferiu dar ênfase à obra educacional, principalmente através do Mackenzie. Paralelamente, surgiram desentendimentos entre o pastor da Igreja Presbiteriana de São Paulo, Rev. Eduardo Carlos Pereira, e os líderes do Mackenzie, Horace M. Lane e William A. Waddell. Com o passar do tempo, o Rev. Eduardo C. Pereira passou a tornar-se mais radical em suas posições, perdendo o apoio até mesmo de muitos dos seus colegas brasileiros. Como uma alternativa ao jornal de Eduardo, O Estandarte, o Rev. Álvaro Reis criou O Puritano em 1899. Em 1900 foi criada a Igreja Presbiteriana Unida, que resultou da fusão de duas igrejas formadas por pessoas que haviam saído da igreja do Rev. Eduardo. Na mesma época, um novo problema veio complicar ainda mais a situação: o debate acerca da maçonaria. Em março de 1902, Eduardo C. Pereira e seus partidários começaram a divulgar a sua Plataforma, com cinco tópicos sobre as questões missionária, educativa e maçônica. Após pouco mais de um ano de debates acalorados, a crise chegou ao seu triste desfecho em 31 de julho de 1903, durante a reunião do Sínodo. Após serem derrotados em suas propostas, Eduardo e seus colegas desligaram-se do Sínodo e formaram a Igreja Presbiteriana Independente. História da Igreja Presbiteriana do Brasil Atualmente, existem no Brasil várias denominações de origem reformada ou calvinista. Entre elas incluem-se a Igreja Presbiteriana Independente, a Igreja Presbiteriana Conservadora e algumas igrejas criadas por imigrantes vindos da Europa continental, como suíços, holandeses e húngaros. Todavia, a maior e mais antiga denominação reformada do país é a Igreja Presbiteriana do Brasil. Sua história divide-se em alguns períodos bem definidos: Implantação (1859-1869). O surgimento do presbiterianismo no Brasil resultou do pioneirismo e desprendimento do Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867). Nascido em West Hanover, na Pensilvânia, Simonton estudou no Colégio de Nova Jersey e inicialmente pensou em ser professor ou advogado. Alcançado por um reavivamento em 1855, fez sua profissão de fé e pouco depois ingressou no Seminário de Princeton. Um sermão pregado por seu professor, o famoso teólogo Charles Hodge, levou-o a considerar o trabalho missionário no estrangeiro. Três anos depois, candidatou-se perante a Junta de Missões da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, citando o Brasil como campo de sua preferência. Dois meses após a sua ordenação, embarcou para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859, aos 26 anos de idade. Em abril de 1860, Simonton dirigiu o seu primeiro culto em português; em janeiro de 1862, recebeu os primeiros membros, sendo fundada a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. No breve período em que viveu no Brasil, Simonton, auxiliado por alguns colegas, fundou o primeiro jornal evangélico do país (Imprensa Evangélica, 1864), criou o primeiro presbitério (1865) e organizou um seminário (1867). O Rev. Simonton morreu vitimado pela febre amarela aos 34 anos, em 1867 (sua esposa, Helen Murdoch, havia falecido três anos antes). Os principais colaboradores de Simonton nesse período foram: seu cunhado Alexander L. Blackford, que em 1865 organizou as igrejas de São Paulo e Brotas; Francis J. C. Schneider, que trabalhou entre os imigrantes alemães em Rio Claro, lecionou no seminário do Rio e foi missionário na Bahia; George W. Chamberlain, grande evangelista e operoso pastor da Igreja de São Paulo. Os quatro únicos estudantes do "seminário primitivo" foram também grandes obreiros: Antonio B. Trajano, Miguel G. Torres, Modesto P. B. Carvalhosa e Antonio Pedro de Cerqueira Leite. Outras poucas igrejas organizadas no primeiro decênio foram as de Lorena, Borda da Mata (Pouso Alegre) e Sorocaba. O homem que mais contribuiu para a criação dessas e outras igrejas foi o notável Rev. José Manoel da Conceição (1822-1873), um ex-sacerdote que tornou-se o primeiro brasileiro a ser ordenado ministro do evangelho (1865). Visitou incansavelmente dezenas de vilas e cidades no interior de São Paulo, Vale do Paraíba e sul de Minas, pregando o evangelho da graça. Consolidação (1869-1888). Simonton e seus companheiros eram todos da igreja presbiteriana do norte dos Estados Unidos (PCUSA). Em 1869 chegaram os primeiros missionários da igreja do sul (PCUS): George N. Morton e Edward Lane. Eles fixaram-se em Campinas, região onde havia muitas famílias norte-americanas que vieram para o Brasil após a Guerra Civil no seu país (1861-65). Em 1870, Morton e Lane fundaram a igreja de Campinas e em 1873 o famoso, porém efêmero, Colégio Internacional. Os missionários da PCUS evangelizaram a região da Mogiana, o oeste de Minas, o Triângulo Mineiro e o sul de Goiás. O pioneiro em várias dessas regiões foi o incansável Rev. John Boyle. Os obreiros da PCUS também foram os pioneiros presbiterianos no nordeste e norte do Brasil (de Alagoas até a Amazônia). Os principais foram John Rockwell Smith, fundador da igreja do Recife (1878); DeLacey Wardlaw, pioneiro em Fortaleza; e o Dr. George W. Butler, o "médico amado" de Pernambuco. O mais conhecido dentre os primeiros pastores brasileiros do nordeste foi o Rev. Belmiro de Araújo César, patriarca de uma grande família presbiteriana. Enquanto isso, os missionários da igreja do norte dos Estados Unidos também continuavam o seu trabalho, auxiliados por novos colegas. Seus principais campos eram Bahia e Sergipe, onde atuou, além de Schneider e Blackford, o Rev. John Benjamin Kolb; Rio de Janeiro, que inaugurou seu templo em 1874, e Nova Friburgo, onde trabalhou o Rev. John M. Kyle; Paraná, cujos pioneiros foram Robert Lenington e George A. Landes; e especialmente São Paulo. Na capital paulista, o casal Chamberlain fundou em 1870 a Escola Americana, que mais tarde veio a ser o Mackenzie College, dirigido pelo educador Horace Manley Lane. No interior da província destacou-se o Rev. João Fernandes Dagama, português da Ilha da Madeira. No Rio Grande do Sul, trabalhou por algum tempo o Rev. Emanuel Vanorden, um judeu holandês. Entre os novos pastores "nacionais" desse período estavam Eduardo Carlos Pereira, José Zacarias de Miranda, Manuel Antônio de Menezes, Delfino dos Anjos Teixeira, João Ribeiro de Carvalho Braga e Caetano Nogueira Júnior. As duas igrejas norte-americanas também enviaram notáveis missionárias educadoras: Mary P. Dascomb, Elmira Kuhl, Nannie Henderson e Charlotte Kemper. Dissensão (1888-1903). Em setembro de 1888 foi organizado o Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil, que assim tornou-se autônoma, desligando-se das igrejas-mães norte-americanas. O Sínodo compunha-se de três presbitérios (Rio de Janeiro, Campinas-Oeste de Minas e Pernambuco) e tinha vinte missionários, doze pastores nacionais e 59 igrejas. O primeiro moderador foi o veterano Rev. Blackford. O Sínodo criou o Seminário Presbiteriano, elegeu seus dois primeiros professores e dividiu o Presbitério de Campinas e Oeste de Minas em dois: São Paulo e Minas. Nesse período a denominação expandiu-se grandemente, com muitos novos missionários, pastores brasileiros e igrejas locais. O Seminário começou a funcionar em Nova Friburgo no final de 1892 e no início de 1895 transferiu-se para São Paulo, tendo à frente o Rev. John Rockwell Smith. O Mackenzie College ou Colégio Protestante foi criado em 1891, sendo seu primeiro presidente o Dr. Horace M. Lane. Por causa da febre amarela, o Colégio Internacional foi transferido de Campinas para Lavras, e mais tarde veio a chamar-se Instituto Gammon, numa homenagem ao seu grande líder, o Rev. Samuel R. Gammon (1865-1928). A primeira escola evangélica do nordeste foi o Colégio Americano de Natal (1895), fundado por Katherine H. Porter, esposa do Rev. William C. Porter. Na mesma época, a cidade de Garanhuns começou a tornar-se um grande centro da obra presbiteriana. Além do trabalho evangelístico, foram lançadas as bases de duas importantes instituições educacionais: o Colégio Quinze de Novembro e o Seminário do Norte, hoje sediado em Recife. No final desse período, além de estar presente em todos os estados do nordeste, a Igreja Presbiteriana chegou ao Pará e ao Amazonas. No sul, foi iniciada a obra presbiteriana em Santa Catarina (São Francisco do Sul e Florianópolis). A igreja também iniciou a sua marcha vitoriosa no leste de Minas. O primeiro obreiro a residir em Alto Jequitibá foi o Rev. Matatias Gomes dos Santos (1901). As igrejas de São Paulo e do Rio de Janeiro passaram a ser pastoreadas por dois grandes líderes, respectivamente Eduardo Carlos Pereira (1888) e Álvaro Emídio G. dos Reis (1897). Infelizmente, os progressos desse período foram em parte ofuscados por uma grave crise que se abateu sobre a vida da igreja. Inicialmente, surgiu uma diferença de prioridades entre o Sínodo e a Junta de Missões de Nova York. O Sínodo queria apoio para a obra evangelística e para instalar o Seminário, ao passo que a Junta preferiu dar ênfase à obra educacional, principalmente através do Mackenzie. Paralelamente, surgiram desentendimentos entre o pastor da Igreja Presbiteriana de São Paulo, Rev. Eduardo Carlos Pereira, e os líderes do Mackenzie, Horace M. Lane e William A. Waddell. Com o passar do tempo, o Rev. Eduardo C. Pereira passou a tornar-se mais radical em suas posições, perdendo o apoio até mesmo de muitos dos seus colegas brasileiros. Como uma alternativa ao jornal de Eduardo, O Estandarte, o Rev. Álvaro Reis criou O Puritano em 1899. Em 1900 foi criada a Igreja Presbiteriana Unida, que resultou da fusão de duas igrejas formadas por pessoas que haviam saído da igreja do Rev. Eduardo. Na mesma época, um novo problema veio complicar ainda mais a situação: o debate acerca da maçonaria. Em março de 1902, Eduardo C. Pereira e seus partidários começaram a divulgar a sua Plataforma, com cinco tópicos sobre as questões missionária, educativa e maçônica. Após pouco mais de um ano de debates acalorados, a crise chegou ao seu triste desfecho em 31 de julho de 1903, durante a reunião do Sínodo. Após serem derrotados em suas propostas, Eduardo e seus colegas desligaram-se do Sínodo e formaram a Igreja Presbiteriana Independente.

A História da Igreja Presbiteriana da Brasil - I

História da Igreja Presbiteriana do Brasil Atualmente, existem no Brasil várias denominações de origem reformada ou calvinista. Entre elas incluem-se a Igreja Presbiteriana Independente, a Igreja Presbiteriana Conservadora e algumas igrejas criadas por imigrantes vindos da Europa continental, como suíços, holandeses e húngaros. Todavia, a maior e mais antiga denominação reformada do país é a Igreja Presbiteriana do Brasil. Sua história divide-se em alguns períodos bem definidos: Implantação (1859-1869). O surgimento do presbiterianismo no Brasil resultou do pioneirismo e desprendimento do Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867). Nascido em West Hanover, na Pensilvânia, Simonton estudou no Colégio de Nova Jersey e inicialmente pensou em ser professor ou advogado. Alcançado por um reavivamento em 1855, fez sua profissão de fé e pouco depois ingressou no Seminário de Princeton. Um sermão pregado por seu professor, o famoso teólogo Charles Hodge, levou-o a considerar o trabalho missionário no estrangeiro. Três anos depois, candidatou-se perante a Junta de Missões da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, citando o Brasil como campo de sua preferência. Dois meses após a sua ordenação, embarcou para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859, aos 26 anos de idade. Em abril de 1860, Simonton dirigiu o seu primeiro culto em português; em janeiro de 1862, recebeu os primeiros membros, sendo fundada a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. No breve período em que viveu no Brasil, Simonton, auxiliado por alguns colegas, fundou o primeiro jornal evangélico do país (Imprensa Evangélica, 1864), criou o primeiro presbitério (1865) e organizou um seminário (1867). O Rev. Simonton morreu vitimado pela febre amarela aos 34 anos, em 1867 (sua esposa, Helen Murdoch, havia falecido três anos antes). Os principais colaboradores de Simonton nesse período foram: seu cunhado Alexander L. Blackford, que em 1865 organizou as igrejas de São Paulo e Brotas; Francis J. C. Schneider, que trabalhou entre os imigrantes alemães em Rio Claro, lecionou no seminário do Rio e foi missionário na Bahia; George W. Chamberlain, grande evangelista e operoso pastor da Igreja de São Paulo. Os quatro únicos estudantes do "seminário primitivo" foram também grandes obreiros: Antonio B. Trajano, Miguel G. Torres, Modesto P. B. Carvalhosa e Antonio Pedro de Cerqueira Leite. Outras poucas igrejas organizadas no primeiro decênio foram as de Lorena, Borda da Mata (Pouso Alegre) e Sorocaba. O homem que mais contribuiu para a criação dessas e outras igrejas foi o notável Rev. José Manoel da Conceição (1822-1873), um ex-sacerdote que tornou-se o primeiro brasileiro a ser ordenado ministro do evangelho (1865). Visitou incansavelmente dezenas de vilas e cidades no interior de São Paulo, Vale do Paraíba e sul de Minas, pregando o evangelho da graça. Consolidação (1869-1888). Simonton e seus companheiros eram todos da igreja presbiteriana do norte dos Estados Unidos (PCUSA). Em 1869 chegaram os primeiros missionários da igreja do sul (PCUS): George N. Morton e Edward Lane. Eles fixaram-se em Campinas, região onde havia muitas famílias norte-americanas que vieram para o Brasil após a Guerra Civil no seu país (1861-65). Em 1870, Morton e Lane fundaram a igreja de Campinas e em 1873 o famoso, porém efêmero, Colégio Internacional. Os missionários da PCUS evangelizaram a região da Mogiana, o oeste de Minas, o Triângulo Mineiro e o sul de Goiás. O pioneiro em várias dessas regiões foi o incansável Rev. John Boyle. Os obreiros da PCUS também foram os pioneiros presbiterianos no nordeste e norte do Brasil (de Alagoas até a Amazônia). Os principais foram John Rockwell Smith, fundador da igreja do Recife (1878); DeLacey Wardlaw, pioneiro em Fortaleza; e o Dr. George W. Butler, o "médico amado" de Pernambuco. O mais conhecido dentre os primeiros pastores brasileiros do nordeste foi o Rev. Belmiro de Araújo César, patriarca de uma grande família presbiteriana. Enquanto isso, os missionários da igreja do norte dos Estados Unidos também continuavam o seu trabalho, auxiliados por novos colegas. Seus principais campos eram Bahia e Sergipe, onde atuou, além de Schneider e Blackford, o Rev. John Benjamin Kolb; Rio de Janeiro, que inaugurou seu templo em 1874, e Nova Friburgo, onde trabalhou o Rev. John M. Kyle; Paraná, cujos pioneiros foram Robert Lenington e George A. Landes; e especialmente São Paulo. Na capital paulista, o casal Chamberlain fundou em 1870 a Escola Americana, que mais tarde veio a ser o Mackenzie College, dirigido pelo educador Horace Manley Lane. No interior da província destacou-se o Rev. João Fernandes Dagama, português da Ilha da Madeira. No Rio Grande do Sul, trabalhou por algum tempo o Rev. Emanuel Vanorden, um judeu holandês. Entre os novos pastores "nacionais" desse período estavam Eduardo Carlos Pereira, José Zacarias de Miranda, Manuel Antônio de Menezes, Delfino dos Anjos Teixeira, João Ribeiro de Carvalho Braga e Caetano Nogueira Júnior. As duas igrejas norte-americanas também enviaram notáveis missionárias educadoras: Mary P. Dascomb, Elmira Kuhl, Nannie Henderson e Charlotte Kemper. Dissensão (1888-1903). Em setembro de 1888 foi organizado o Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil, que assim tornou-se autônoma, desligando-se das igrejas-mães norte-americanas. O Sínodo compunha-se de três presbitérios (Rio de Janeiro, Campinas-Oeste de Minas e Pernambuco) e tinha vinte missionários, doze pastores nacionais e 59 igrejas. O primeiro moderador foi o veterano Rev. Blackford. O Sínodo criou o Seminário Presbiteriano, elegeu seus dois primeiros professores e dividiu o Presbitério de Campinas e Oeste de Minas em dois: São Paulo e Minas. Nesse período a denominação expandiu-se grandemente, com muitos novos missionários, pastores brasileiros e igrejas locais. O Seminário começou a funcionar em Nova Friburgo no final de 1892 e no início de 1895 transferiu-se para São Paulo, tendo à frente o Rev. John Rockwell Smith. O Mackenzie College ou Colégio Protestante foi criado em 1891, sendo seu primeiro presidente o Dr. Horace M. Lane. Por causa da febre amarela, o Colégio Internacional foi transferido de Campinas para Lavras, e mais tarde veio a chamar-se Instituto Gammon, numa homenagem ao seu grande líder, o Rev. Samuel R. Gammon (1865-1928). A primeira escola evangélica do nordeste foi o Colégio Americano de Natal (1895), fundado por Katherine H. Porter, esposa do Rev. William C. Porter. Na mesma época, a cidade de Garanhuns começou a tornar-se um grande centro da obra presbiteriana. Além do trabalho evangelístico, foram lançadas as bases de duas importantes instituições educacionais: o Colégio Quinze de Novembro e o Seminário do Norte, hoje sediado em Recife. No final desse período, além de estar presente em todos os estados do nordeste, a Igreja Presbiteriana chegou ao Pará e ao Amazonas. No sul, foi iniciada a obra presbiteriana em Santa Catarina (São Francisco do Sul e Florianópolis). A igreja também iniciou a sua marcha vitoriosa no leste de Minas. O primeiro obreiro a residir em Alto Jequitibá foi o Rev. Matatias Gomes dos Santos (1901). As igrejas de São Paulo e do Rio de Janeiro passaram a ser pastoreadas por dois grandes líderes, respectivamente Eduardo Carlos Pereira (1888) e Álvaro Emídio G. dos Reis (1897). Infelizmente, os progressos desse período foram em parte ofuscados por uma grave crise que se abateu sobre a vida da igreja. Inicialmente, surgiu uma diferença de prioridades entre o Sínodo e a Junta de Missões de Nova York. O Sínodo queria apoio para a obra evangelística e para instalar o Seminário, ao passo que a Junta preferiu dar ênfase à obra educacional, principalmente através do Mackenzie. Paralelamente, surgiram desentendimentos entre o pastor da Igreja Presbiteriana de São Paulo, Rev. Eduardo Carlos Pereira, e os líderes do Mackenzie, Horace M. Lane e William A. Waddell. Com o passar do tempo, o Rev. Eduardo C. Pereira passou a tornar-se mais radical em suas posições, perdendo o apoio até mesmo de muitos dos seus colegas brasileiros. Como uma alternativa ao jornal de Eduardo, O Estandarte, o Rev. Álvaro Reis criou O Puritano em 1899. Em 1900 foi criada a Igreja Presbiteriana Unida, que resultou da fusão de duas igrejas formadas por pessoas que haviam saído da igreja do Rev. Eduardo. Na mesma época, um novo problema veio complicar ainda mais a situação: o debate acerca da maçonaria. Em março de 1902, Eduardo C. Pereira e seus partidários começaram a divulgar a sua Plataforma, com cinco tópicos sobre as questões missionária, educativa e maçônica. Após pouco mais de um ano de debates acalorados, a crise chegou ao seu triste desfecho em 31 de julho de 1903, durante a reunião do Sínodo. Após serem derrotados em suas propostas, Eduardo e seus colegas desligaram-se do Sínodo e formaram a Igreja Presbiteriana Independente. História da Igreja Presbiteriana do Brasil Atualmente, existem no Brasil várias denominações de origem reformada ou calvinista. Entre elas incluem-se a Igreja Presbiteriana Independente, a Igreja Presbiteriana Conservadora e algumas igrejas criadas por imigrantes vindos da Europa continental, como suíços, holandeses e húngaros. Todavia, a maior e mais antiga denominação reformada do país é a Igreja Presbiteriana do Brasil. Sua história divide-se em alguns períodos bem definidos: Implantação (1859-1869). O surgimento do presbiterianismo no Brasil resultou do pioneirismo e desprendimento do Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867). Nascido em West Hanover, na Pensilvânia, Simonton estudou no Colégio de Nova Jersey e inicialmente pensou em ser professor ou advogado. Alcançado por um reavivamento em 1855, fez sua profissão de fé e pouco depois ingressou no Seminário de Princeton. Um sermão pregado por seu professor, o famoso teólogo Charles Hodge, levou-o a considerar o trabalho missionário no estrangeiro. Três anos depois, candidatou-se perante a Junta de Missões da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, citando o Brasil como campo de sua preferência. Dois meses após a sua ordenação, embarcou para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859, aos 26 anos de idade. Em abril de 1860, Simonton dirigiu o seu primeiro culto em português; em janeiro de 1862, recebeu os primeiros membros, sendo fundada a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. No breve período em que viveu no Brasil, Simonton, auxiliado por alguns colegas, fundou o primeiro jornal evangélico do país (Imprensa Evangélica, 1864), criou o primeiro presbitério (1865) e organizou um seminário (1867). O Rev. Simonton morreu vitimado pela febre amarela aos 34 anos, em 1867 (sua esposa, Helen Murdoch, havia falecido três anos antes). Os principais colaboradores de Simonton nesse período foram: seu cunhado Alexander L. Blackford, que em 1865 organizou as igrejas de São Paulo e Brotas; Francis J. C. Schneider, que trabalhou entre os imigrantes alemães em Rio Claro, lecionou no seminário do Rio e foi missionário na Bahia; George W. Chamberlain, grande evangelista e operoso pastor da Igreja de São Paulo. Os quatro únicos estudantes do "seminário primitivo" foram também grandes obreiros: Antonio B. Trajano, Miguel G. Torres, Modesto P. B. Carvalhosa e Antonio Pedro de Cerqueira Leite. Outras poucas igrejas organizadas no primeiro decênio foram as de Lorena, Borda da Mata (Pouso Alegre) e Sorocaba. O homem que mais contribuiu para a criação dessas e outras igrejas foi o notável Rev. José Manoel da Conceição (1822-1873), um ex-sacerdote que tornou-se o primeiro brasileiro a ser ordenado ministro do evangelho (1865). Visitou incansavelmente dezenas de vilas e cidades no interior de São Paulo, Vale do Paraíba e sul de Minas, pregando o evangelho da graça. Consolidação (1869-1888). Simonton e seus companheiros eram todos da igreja presbiteriana do norte dos Estados Unidos (PCUSA). Em 1869 chegaram os primeiros missionários da igreja do sul (PCUS): George N. Morton e Edward Lane. Eles fixaram-se em Campinas, região onde havia muitas famílias norte-americanas que vieram para o Brasil após a Guerra Civil no seu país (1861-65). Em 1870, Morton e Lane fundaram a igreja de Campinas e em 1873 o famoso, porém efêmero, Colégio Internacional. Os missionários da PCUS evangelizaram a região da Mogiana, o oeste de Minas, o Triângulo Mineiro e o sul de Goiás. O pioneiro em várias dessas regiões foi o incansável Rev. John Boyle. Os obreiros da PCUS também foram os pioneiros presbiterianos no nordeste e norte do Brasil (de Alagoas até a Amazônia). Os principais foram John Rockwell Smith, fundador da igreja do Recife (1878); DeLacey Wardlaw, pioneiro em Fortaleza; e o Dr. George W. Butler, o "médico amado" de Pernambuco. O mais conhecido dentre os primeiros pastores brasileiros do nordeste foi o Rev. Belmiro de Araújo César, patriarca de uma grande família presbiteriana. Enquanto isso, os missionários da igreja do norte dos Estados Unidos também continuavam o seu trabalho, auxiliados por novos colegas. Seus principais campos eram Bahia e Sergipe, onde atuou, além de Schneider e Blackford, o Rev. John Benjamin Kolb; Rio de Janeiro, que inaugurou seu templo em 1874, e Nova Friburgo, onde trabalhou o Rev. John M. Kyle; Paraná, cujos pioneiros foram Robert Lenington e George A. Landes; e especialmente São Paulo. Na capital paulista, o casal Chamberlain fundou em 1870 a Escola Americana, que mais tarde veio a ser o Mackenzie College, dirigido pelo educador Horace Manley Lane. No interior da província destacou-se o Rev. João Fernandes Dagama, português da Ilha da Madeira. No Rio Grande do Sul, trabalhou por algum tempo o Rev. Emanuel Vanorden, um judeu holandês. Entre os novos pastores "nacionais" desse período estavam Eduardo Carlos Pereira, José Zacarias de Miranda, Manuel Antônio de Menezes, Delfino dos Anjos Teixeira, João Ribeiro de Carvalho Braga e Caetano Nogueira Júnior. As duas igrejas norte-americanas também enviaram notáveis missionárias educadoras: Mary P. Dascomb, Elmira Kuhl, Nannie Henderson e Charlotte Kemper. Dissensão (1888-1903). Em setembro de 1888 foi organizado o Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil, que assim tornou-se autônoma, desligando-se das igrejas-mães norte-americanas. O Sínodo compunha-se de três presbitérios (Rio de Janeiro, Campinas-Oeste de Minas e Pernambuco) e tinha vinte missionários, doze pastores nacionais e 59 igrejas. O primeiro moderador foi o veterano Rev. Blackford. O Sínodo criou o Seminário Presbiteriano, elegeu seus dois primeiros professores e dividiu o Presbitério de Campinas e Oeste de Minas em dois: São Paulo e Minas. Nesse período a denominação expandiu-se grandemente, com muitos novos missionários, pastores brasileiros e igrejas locais. O Seminário começou a funcionar em Nova Friburgo no final de 1892 e no início de 1895 transferiu-se para São Paulo, tendo à frente o Rev. John Rockwell Smith. O Mackenzie College ou Colégio Protestante foi criado em 1891, sendo seu primeiro presidente o Dr. Horace M. Lane. Por causa da febre amarela, o Colégio Internacional foi transferido de Campinas para Lavras, e mais tarde veio a chamar-se Instituto Gammon, numa homenagem ao seu grande líder, o Rev. Samuel R. Gammon (1865-1928). A primeira escola evangélica do nordeste foi o Colégio Americano de Natal (1895), fundado por Katherine H. Porter, esposa do Rev. William C. Porter. Na mesma época, a cidade de Garanhuns começou a tornar-se um grande centro da obra presbiteriana. Além do trabalho evangelístico, foram lançadas as bases de duas importantes instituições educacionais: o Colégio Quinze de Novembro e o Seminário do Norte, hoje sediado em Recife. No final desse período, além de estar presente em todos os estados do nordeste, a Igreja Presbiteriana chegou ao Pará e ao Amazonas. No sul, foi iniciada a obra presbiteriana em Santa Catarina (São Francisco do Sul e Florianópolis). A igreja também iniciou a sua marcha vitoriosa no leste de Minas. O primeiro obreiro a residir em Alto Jequitibá foi o Rev. Matatias Gomes dos Santos (1901). As igrejas de São Paulo e do Rio de Janeiro passaram a ser pastoreadas por dois grandes líderes, respectivamente Eduardo Carlos Pereira (1888) e Álvaro Emídio G. dos Reis (1897). Infelizmente, os progressos desse período foram em parte ofuscados por uma grave crise que se abateu sobre a vida da igreja. Inicialmente, surgiu uma diferença de prioridades entre o Sínodo e a Junta de Missões de Nova York. O Sínodo queria apoio para a obra evangelística e para instalar o Seminário, ao passo que a Junta preferiu dar ênfase à obra educacional, principalmente através do Mackenzie. Paralelamente, surgiram desentendimentos entre o pastor da Igreja Presbiteriana de São Paulo, Rev. Eduardo Carlos Pereira, e os líderes do Mackenzie, Horace M. Lane e William A. Waddell. Com o passar do tempo, o Rev. Eduardo C. Pereira passou a tornar-se mais radical em suas posições, perdendo o apoio até mesmo de muitos dos seus colegas brasileiros. Como uma alternativa ao jornal de Eduardo, O Estandarte, o Rev. Álvaro Reis criou O Puritano em 1899. Em 1900 foi criada a Igreja Presbiteriana Unida, que resultou da fusão de duas igrejas formadas por pessoas que haviam saído da igreja do Rev. Eduardo. Na mesma época, um novo problema veio complicar ainda mais a situação: o debate acerca da maçonaria. Em março de 1902, Eduardo C. Pereira e seus partidários começaram a divulgar a sua Plataforma, com cinco tópicos sobre as questões missionária, educativa e maçônica. Após pouco mais de um ano de debates acalorados, a crise chegou ao seu triste desfecho em 31 de julho de 1903, durante a reunião do Sínodo. Após serem derrotados em suas propostas, Eduardo e seus colegas desligaram-se do Sínodo e formaram a Igreja Presbiteriana Independente.

O Espirito Santo

Por Rev. Áureo Bispo dos Santos
12/07/06
INTRODUÇÃO
As reflexões e os estudos sobre a natureza e a operação do Espírito Santo têm sido quase que esquecidos após os períodos apostólico e pós-apostólico, obscurecido pelas as ênfases na Cristologia (natureza divino–humana de Jesus), tornando-se a terceira pessoa da Trindade, apenas um item do credo apostólico (“...concebido por obra e graça do Espírito Santo”) uma lembrança na repetição da benção apostólica (“Em Nome do Pai do Filho e do Espírito Santo”) expressos nas manifestações litúrgicas das igrejas cristãs e nos diversos credos.
O interesse pelo ministério e ação do Espírito Santo ressurge nas instituições teológicas, universidades, igrejas e organizações ecumênicas a partir dos grandes avivamentos religiosos do século XIX e na emergência dos movimentos chamados
Pentecostais, Neo-pentecostais e Carismáticos no início do século XX até hoje.
Este estudo visa a oferecer uma despretensiosa colaboração a estudantes de teologia e membros de comunidades cristãs que desejam conhecer melhor o tema já referido.
1. Conceituação
O termo Espírito Santo pode ser conceituado a partir de dois (2) enfoques: primeiro, o lingüístico Ruah (Espírito) no hebraico e Pneuma (Espírito) no grego traduzido por vento, ar, sopro; e, segundo, o bíblico-teológico:
Ruah Yavé (Espírito de Javé) ou Espírito de Deus (Gen.1:2, Isa.32:15) e Ruah Gadosh (Espírito de Javé) ou Espírito Santo (Sal. 51:11 e Isa. 63:10) ambos significando que o Espírito Santo é o Espírito de Deus no Antigo Testamento e o Espírito do Senhor Ressurreto ( II Cor 3:17 e18 e Gal.4:6) no Novo Testamento e ainda é a 3a. pessoa da Trindade, fruto da reflexão teológica da Igreja sobre os atos salvíficos de Deus revelados nas Escrituras que levaram os teólogos a formularem a doutrina da Trindade aceita pela Igreja Cristã através dos tempos.
Personalidade e posição do Espírito na Trindade – Experiência Trinitária do Espírito.
A definição lingüística do termo Espírito como ruah (hebraico), vento, sopro ou ar, sem a contextualização bíblico- teológica permitiria ver o Espírito, simplesmente como uma energia impessoal e física. Ao passo que a reflexão bíblico-teológica revela que o Espírito é um Deus pessoal, dinâmico, ativo, inteligente e amoroso, criador dos céus e da terra e Senhor- Soberano sobre todo o Universo. O Espírito Santo é o Espírito de Cristo Ressurreto que se tornou carne e osso. Não ocupa uma posição inferior e subalterna ao Deus Pai e ao Deus Filho. Mas, sim uma posição de igualdade e com o mesmo poder.
A Bíblia não desenvolve uma doutrina da Trindade. Mas, a Igreja Cristã tem através dos séculos, debruçado sobre estas mesmas Escrituras e tem descoberto aí as maneiras diferentes de Deus agir e, a partir desta reflexão, tem formulado a Doutrina Trinitária. Não se pretende neste trabalho, fazer uma exaustiva reflexão sobre o lugar do Espírito Santo na Trindade. Este estudo se restringe a uma visão geral sobre a posição do Espírito e ao mesmo tempo, a busca de um entendimento da relação do Espírito Santo com o Deus Pai e o Deus Filho, como é apresentado nas Escrituras.
Quando se fala de Pai, Filho e Espírito Santo não se refere a uma parte de Deus, outra do Filho e, ainda outra do Espírito, ou de um Deus diferente. Mas, de um só Deus: O Pai, o Filho e o Espírito Santo é Deus; todos são um e o mesmo Deus, expressando-se, simultaneamente de diferentes maneiras (Heb.1:1-3). Um Deus em três pessoas significa um Deus que age em três diferentes formas de existência como um único Deus.
É a ação redentora de Javé que se revela através dos atos salvadores que se realizam na História da Redenção conforme se verifica no Antigo e Novo Testamentos. É um mesmo Deus que age como Pai, como Filho e como Espírito Santo em diferentes momentos.
O Espírito Santo e Javé em sua missão redentora.
O Espírito Santo executa a sua atividade redentora ungindo e inspirando os profetas, juizes e reis para exercerem sua missão de liderança junto ao povo de Israel (Gn.41:38,Juizes 3:10,cf.Miq.12:36,Atos 4:25,28:25,II Pedro 1:21)
Há certas características da ação do Espírito de Deus que merecem ser mencionadas:
O Espírito de Deus aparece no V.T, como criador e soberano (Gen.1:1 e Isa. 42:5) sobre o povo de Israel e, também sobre outros povos (Isa. 42:1 e Jer.27:6). O salmista identifica o Espírito de Deus como o Espírito Santo pela
primeira vez no V.T. (Sal. 51:11). Isa. 11:2 e 61:1 e Miq. 3:8 consideram a sabedoria e o entendimento como dons do Espírito de Deus.
No V.T., o Espírito ainda não repousa sobre todo o povo de Israel. Mas, só sobre indivíduos. Este derramamento é apenas uma aspiração e uma promessa (Num. 11:24 e Joel 2:28). O Espírito não é um agente permanente na vida das lideranças escolhidas por Javé. Ele intervém, acidentalmente animando estes líderes para conduzirem Israel. Todavia, há momentos em que, o Espírito, também os abandona (I Sam. 10:6 –11; 11, 11:6 e 16:14).
Raramente, a expressão Espírito Santo aparece no Antigo Testamento. Geralmente surge como espírito ou espírito de Deus. Já no Novo Testamento, é uma constante como se verá a seguir.
O Espírito Santo e Jesus
A presença e ação do Espírito na vida, missão, morte e ressurreição de Jesus
São, intimamente relacionadas, inseparáveis e constantes. Contudo, diante da
natureza deste trabalho, limitar-se-á a salientar os seguintes aspectos:
4.1 A concepção de Jesus
Mateus e Lucas registram que o nascimento de Jesus é geração do Espírito Santo (Mat. 1:18-20 e Luc 1:31-35). Jesus é concebido para exercer a missão salvífica do mundo.
4.2 O Batismo.
De acordo com os quatro evangelistas (Mat.3:13-17,Mc.1:9-11,Luc. 3:21-22 João 1:31-33), no momento do batismo de Jesus por João Batista, o Espírito de Deus desce sobre Ele, em forma corpórea e a voz do céu testemunha que Jesus é o “Filho amado” de Deus.
Os Evangelhos assinalam que Jesus tem a plenitude do Espírito Santo permanentemente. Nisto está a diferença entre Jesus e os líderes da Antiga Aliança onde a presença do Espírito é acidental e esporádica. Os evangelhos mostram que no período de Jesus, (especificamente Luc.16:16), o Espírito centraliza todo o seu poder unicamente Nele e no seu ministério. No V.T. o homem é possuído pelo Espírito, enquanto Jesus o possui já desde o nascimento.
4.3 A Tentação
Marcos e Mateus ressaltam que, em certos momentos na vida de Jesus, o Espírito é o agente, evidenciando certa passividade de Jesus nesta relação em que, é “possuído” e “conduzido” (Mat.4:1 e Mc. 1:12 e 13); já Lucas salienta o aspecto ativo e dinâmico em que Jesus é “possuidor”
(Luc. 4:1) (“Jesus, cheio do Espírito Santo é levado no Espírito” - PNEUMATI – no grego e não pelo Espírito – TÔ PNEUMATI – Mc.1:12).
4.4 A Ressurreição
No evento da ressurreição, constata-se uma relação, aparentemente contraditória: Enquanto Jesus –Morto é ressuscitado pelo Espírito (Rm 8:11), após a ressurreição o Senhor ressurreto é o doador do Espírito (Luc. 24:49, João 20:22 e Atos 2:33). No primeiro momento , a passividade de Jesus alcança uma dimensão –limite, enquanto no segundo, a atividade, também atinge a dimensão limite. Como entender esta contradição? Esta divergência registrada nos sinóticos e, posteriormente em Paulo, deve ser interpretada a partir dos seguintes enfoques: primeiro, há uma identificação entre o doador e a dádiva, ou seja, o Senhor ressuscitado e o Espírito Santos aparecem como uma só realidade, uma só pessoa (Luc.12:12;21:15, Atos 10:14 e 14;16:17; Rom. 8:4, 2Cor. 3:17 e 18 Gal. 4:6). Contudo, esta identificação não deve ser entendida absolutamente, pois nos três períodos da redenção (Lei e os Profetas, Jesus e a Igreja), há ocasiões em que as funções específicas do Pai, Filho e Espírito Santo se evidenciam mais salientes do que em outras; segundo, esta relação ativo –passiva deve ser interpretada dialeticamente, isto é, há instantes em que os autores do NT, ora enfatizam a dimensão ativa, ora a passiva; terceiro, os mesmos evangelistas e apóstolos vêem Jesus como o centro de todo o plano salvífico para o qual todas as atenções se devam volver e, para eles, é a própria missão do Espírito Santo levar Jesus a ser reconhecido, exaltado e aceito pelos homens.
5. O Espírito Santo e a Igreja
O Espírito cria a igreja no dia de Pentecostes (Atos 2:1-13) de acordo com a promessa profética (Joel 2:28) e do Senhor Ressurreto (Atos 1:5-8) com características e missão definidas. Este mesmo Espírito é o que a cria, regenera, santifica e dinamiza.
Quanto à questão de quem cria a Igreja se é o Espírito Santo ou o Senhor Ressurreto, já se constatou que os evangelistas e Paulo identificam o Senhor Ressurreto com o Espírito Santo nas ações redentoras. Daí que, ora é o Senhor que promete mandar o Espírito, sopra–o nos apóstolos (João 20:2-22) e acrescenta novos membros à Igreja (Atos 2:4), ora é o Espírito Santo que cria, guia os apóstolos e evangelistas na obra missionária (Atos 4:8,6:10,8:29,10:19,13:2-4,20:24), inspira as decisões e exortações que levam à unidade da Igreja (Atos 15:28 e Ef. 4:1-6), estabelece os ministérios (Ef. 4:7-16) necessários à comunidade (Atos 6:6, 20:28) e inspira as escrituras e fala através dela (Heb. 3:7;9:8 e 10:15). Portanto, nesta relação Espírito –Igreja –Senhor Ressurreto, sempre se deve levar em conta que o Espírito Santo é o Senhor Ressurreto que cria a Igreja. Com este entendimento, pode-se partir para examinar a mensagem do Pentecostes. Este evento revela, claramente que a Igreja deve viver e proclamar: primeiro, a unidade de todos os povos e raças (Judeus, Egípcios, Romanos, Gregos, Árabes, etc. - Atos 2:9-10, Samaritanos- 8:4-22, Etíope - 8:26-39 e Cornélio – 10:1-48) e o Espírito leva a Igreja a romper as barreiras raciais e religiosas; segundo, a totalidade na diversidade como fruto do derramamento do Espírito Santo em que todos os membros do grupo se tornaram uma comunidade carismática com uma variedade de dons, sem distinção de idade (jovens e velhos), de gênero (homem e mulher) e classe social (servos e servas – (Atos 2:16-18 e ICo. 12a 14), constatando que estas características sempre aparecem no surgimento das comunidades neo-testamentárias (Coríntios, Gálatas, Éfeso, Tessalônica, etc);terceiro, a unidade de Judeus e Gentios/cristãos (Atos 15:28); no bojo do evento de Pentecostes uma verdadeira mensagem ecumênica expressa em que não só os cristãos, mas também, todos os povos são chamados a unir-se ao redor de um só Senhor que ama a todos sem “acepção de pessoas” (Atos 10:34); quarto, a Igreja recebe u’a missão profética vétero-testamentária (Isa. 61:1-2) – “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me surgiu para evangelizar aos pobres, enviou-me a proclamar libertação dos cativos e restauração da vista aos cegos.
Quando a Igreja, ungida pelo Espírito, para dá continuidade a esta missão em palavras e atos (Atos 2:43-44;3:1-10;5:12-16;6:10;8:28-35); quinto, a contemporaneidade da ação do Espírito Santo na Igreja significa que Ele é livre e independente para operar no presente como operou no Pentecostes tão bem explicitado por João 3:6-8 e Paulo 2Cor. 3:17; e sexto, a Igreja, como criação do Espírito tem de produzir os frutos deste mesmo Espírito como amor, paz, alegria, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gal. 5:22-23 e 25), em contraposição aos frutos do pecado: inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas e orgulho (Gal. 5:19-21)
5.1 O Espírito Santos e a Regeneração da Igreja
A regeneração é um ato de transformação da Igreja como um todo e dos seus membros, individualmente pelo poder do Espírito.
Da Igreja
Ainda que a Igreja seja criada pelo Espírito não significa que este ato a torne perfeita. Ela continua a ser uma comunidade de pecadores justificada pela graça e misericórdia de Deus. É, simultaneamente justa e pecadora, vivendo numa tensão permanente, que poderá levá-la para a justiça ou para o pecado. Só o Espírito poderá mantê-la neste equilíbrio dialético. Todavia, tudo vai depender da disponibilidade da Igreja de estar aberta à ação do Espírito. Se por um lado, a história tem registrado que a Igreja, na maioria das vezes, tem-se voltado a viver segundo os ditames da “carne” e, daí, tornar-se endurecida, esclerosada e ossificado por rejeitar a missão para a qual foi chamada; por outro, esta mesma história tem constatado que, há momentos em que a Igreja é sacudida pelo vento do Espírito que a vivifica. A visão do vale de ossos secos de Ezequiel 37 em que o profeta descreve o estágio de morte em que o povo de Israel se encontra; a reforma do século XVI e a expressão da tradição reformada “ecclesia reformata semper reformanda”(Igreja reformada sempre se reformando), explicam, muito bem, o processo pelo qual a Igreja tem passado através dos tempos, de reforma, renovação, revidificação pelo poder do Espírito Santo.
b) Do Cristão(a)
Se a Igreja como um todo passa pelo processo de regeneração, també cada membro desta comunidade. Ele(a) se torna uma nova criatura (2Cór. 5:17); um ser que nasce de novo (João 3:3,8). O Espírito leva o(a) cristão(a) a viver na comunhão dos irmãos (Efé.2:1-5) como filho de Deus (Rm. 8:14-17 e I João 2:20). O Espírito derrama os dons sobre os membros da Igreja para edificação de todos (I Cor. 12:17, IP. 4.10).
O(a) Cristão(a) ainda que salvo(a) por Cristo, continua a ser pecador(a), vivendo semelhante à Igreja, justificado(a) pela graça, mas ainda pecador(a). Paulo chega a expressar esta tensão num grito de tremenda aflição: “miserável homem que sou, quem me livrará deste corpo de morte? (Rom 7:24). A resposta lhe vem em seguida:” a “Graça de Deus me basta” (Rom. 7:25 Ef. II Cór. 12:9). O(a) cristão(a), como a Igreja, está constantemente tentado(a) a viver segundo os desejos do homem velho, nascido segundo o pecado (Rm. 6:6 Ef. 4.24), e, às vezes, “cai na lama”. Porém, o Espírito o(a) levanta, tirando deste lamaçal para uma nova existência (Ef. 4:4) conforme descreve Paulo (Rm 12:1-2). Este(a) novo(a) homem ou mulher recebe u’a missão: É ungido(a) pelo Espírito Santo para dar continuidade à obra de Jesus (Luc. 4:16-21), como participante da Igreja.
5.2 O Espírito Santo, consolador e protetor
Entre a ascensão de Cristo e a sua volta nos últimos tempos, a Igreja e os(as) cristãos(as) não estarão sós como foi prometido por Jesus que mandaria o Espírito (João 20:22) e cumpriu no Pentecostes (Atos 2:1-2). Em vários momentos, a missão do Espírito é de consolação e proteção (João 14:16 – 26;15:26 e 16:7) e de acompanhamento até o fim dos séculos (Mat. 28:20)
6. Espírito Santo e a missão cósmica
O Antigo e o Novo Testamentos apresentam o Espírito Santo como preservador da criação (Gn. 1:2) e o homem como o administrador, mas que, se torna ao longo da história o responsável pela destruição desta mesma criação (Gen. 3:17-20). Os homens e mulheres são partes integrantes desta mesma criação e, também da sua história. Enquanto o Espírito busca preservá-los, eles estão sempre degradando o cosmos.
A ação do Espírito não se limita, somente ao povo hebreu, mas, alcança todos os povos: os faraós e os egípcios (Gn. 41:37-57); a Ciro e os persas (Isa. 45:1) e a Nabucodonozor e os babilônios, (Jr. 25:29, Jn. 3 e 4 e Dn. 4:34-37).
Para Jesus, não é só Israel que tem fé, mas no mundo gentílico, há homens e mulheres que tem mais fé que o povo escolhido, como Ele mesmo afirma diante do centurião romano: “Digo-vos que nem ainda em Israel encontrei tanta fé” (Luc. 7;4).
Para Lucas, o Espírito faz ver a Pedro que Cornélio, gentio romano era homem de fé, temente a Deus, cujas obras eram aceitas pelo Senhor (Atos 10:34-35).
Paulo dá muita ênfase à obra de Espírito Santo na criação e na sua redenção e na do homem como criatura sujeita, também à corrupção (Rm. 8:19-26). Para ele, o Espírito está sofrendo em solidariedade à criação com “gemidos inexprimíveis” para libertá-la da destruição. Em Paulo, o homem é parte desta criação e o seu corpo é o sinal visível desta inserção. Ele é como a micro-criação.
O homem tem devastado, poluído, degradado e destruído o Universo. O Espírito está lutando, incansavelmente para impedir esta terrível catástrofe, pois a criação é não só a morada dos homens, mas também a do Espírito. Ele está agindo com todas as forças no mundo e na Igreja, despertando e conclamando homens, mulheres e organizações, em toda a parte, até a ponto de sacrifício em favor desta natureza cambaleante. Esta é portanto u’a missão cósmica importantíssima e urgentíssima que a Igreja e os(as) cristãos(as) estão sendo chamados(as) a exercê-la hoje.
7- O Batismo do Espírito Santo
De acordo com Lucas e Paulo o batismo do Espírito Santo é visto como:
a plenitude do Espírito na vida dos discípulos “foram cheios do Espírito Santo” (Atos 2:4 e 1:5);
a incorporação do cristão no corpo de Cristo – a Igreja (Atos 2:1-21; 10:44-48);
a recepção da dádiva das bênçãos oriundas da vida, morte e ressurreição de Cristo (Rm. 4:25;2Co. 5;25 e Gal. 3:13); e, também do Reino de Deus já inaugurado, mas que, ainda será estabelecido, definitivamente num futuro determinado por Deus (Atos 1:6-7); e
a garantia de que o cristão, certamente irá participar deste Reino Escatológico (2Cor. 1:22 e 5:5).
Em síntese, viu-se que o Espírito Santo é o criador e mantenedor da criação; o inspirador e iluminador de lideres políticos e religiosos não só do povo de Israel, mas também de outros povos;que gera a Jesus e que o unge para cumprir a missão salvífica de acordo com o plano redentor de Deus; que o ressuscita dentre os mortos para ser o Senhor de tudo e de todos; que cria a Igreja para dar continuidade à missão de Cristo; que transforma e renova a criação, a Igreja e homens e mulheres que, ungidos (às), são chamados (as) ao serviço de implantação do Reino de justiça, paz e amor entre os homens e toda criação. Percebe-se, nesta missão, a existência de uma perfeita harmonia entre Pai, Filho e Espírito Santo, alcançando a sua culminância na grande comissão dada aos discípulos: “Ide ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, Filho e do Espírito Santo” (Mat. 28:19).
Bibliografia:
Boff, Leornado. Igreja, Carisma e Poder. Petrópolis: Vozes, 1982.
César, Waldo; e Shaull, Richard. Petencostalismo e Futuro das Igrejas Cristãs, Vozes e São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Vozes, 1999.
Rolim, Francisco C. Pentecostalismo: Brasil e América Latina. Petrópolis: Vozes, 1995.
Santos, Áureo Bispo dos. O Espírito Santo Hoje. São Paulo: Imprensa Metodista, 1975.
Von Allmen, Jean-Jacques. Vocabulário Bíblico (Trad.), São Paulo: ASTE, S/d.
Autor do artigo:
Áureo Bispo dos Santos
Pastor na Igreja Presbiteriana Unida do Brasil – IPU
Professor do Instituto de Educação Teológica da Bahia – ITEBA
Doutor em Teologia (PhD) San Francisco Theological Seminary, California, E.U.A., 1967
Doutor em Filosofia e Livre Docente, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Pernambuco, 1975

terça-feira, 28 de novembro de 2006

A centralidade do Culto a Deus - Parte III

3) A centralidade do Culto a Deus deve ser baseada numa atmosfera de alegria
No verso 11 Davi convida a se alegra céus e terra, tudo que há sobre a face da terra.
Infelizmente o que temos encontrado é uma distorção deste termo alegria, muitas pessoas tem confundido tal palavra com meramente elementos externos, onde o estereotipo é altamente exalta, porém, encontrado de forma errônea. A nossa alegria deve esta no Senhor, como Paulo ao escrever Filipenses diz “alegrei-me sobremaneira no Senhor”.
Devemos enfatizar ao mundo, que eles devem possuir, se enche, de grande regozijo diante do Senhor uma constante alegria.

Conclusão
Nos como Igreja confessional, como herdeiros da reforma, devemos responder ao mundo tais divagações teológicas, que distoçoes e tiram a do culto a centralidade da Adoração a Deus. Devemos ser defensores da fé evangélica, levando ao povos um abregoar do arrependimento genuíno e da constante alegria de se estar fazendo a vontade de Deus. em um ' site A Fé Reformada' (em sua Biblioteca Reformada) encontramos citação de James M. Boice, ex-pastor da 10ª Igreja Presbiteriana da Filadélfia, recentemente falecido. Ele diz: Meu argumento é que o motivo pelo qual a igreja evangélica atual está tão fraca e o porquê de não experimentarmos renovação, embora falemos sobre nossa necessidade de renovação, é que a glória de Deus foi, em grande, parte esquecida pela igreja.
Que possamos assim como despenseiros do Senhor zelar pela fiel exposição da Palavra de Deus, levando a Igreja evangélica brasileira, reconhecer que a centralidade de nosso culto deve ser Deus não o homem em sua motivações emocionais.