sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Cinco pontos do Calvinismo - Parte II





MARTINHO LUTERO (1483-1546)

Martinho Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483. Sua família era pobre e ele lutou com muita difi­culdade para estudar. Preparava-se para ingressar no curso de Direito, quando resolveu tor­nar-se monge. Entrou para o mosteiro agostiniano de Erfurt, em 1505, antes de completar 22 anos de idade. Dois anos depois foi orde­nado sacer­dote. No ano seguinte foi para Wittenberg preparar-se para ser professor na recém-cria­da universidade daquela cidade. Foi lá que Lutero dedicou-se ao estudo das Escrituras. E ao estudar a Epístola aos Romanos, descobriu que “O justo viverá por fé” (Romanos 1.17). Ele já havia feito tudo que a igreja indicava para alcançar a paz com Deus. Mas sua situação interior só piorava. Ao des­cobrir a graça redentora, entregou-se a Jesus Cristo, pela fé, e encontrou a paz e a segurança de salvação.
No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou, na porta da capela de Wi­ttenberg, as suas 95 te­ses. Era o início da Reforma.
Lutero tentou reformar a igreja, mas Roma não quis se reformar. Antes o perse­guiu violenta­mente. Em 1521 ele foi excomungado. Neste mesmo ano teve que se es­conder durante 10 meses no castelo de Wartburgo, perto de Eisenach, para não ser morto. Depois voltou para Wittenberg, de onde comandou a expansão do movi­mento de reforma.
Lutero faleceu em Eisleben, no dia 18 de fevereiro de 1546.

ÚLRICO ZWÍNGLIO (1484-1531)

Paralela à reforma de Lutero, surgiu na Suíça um reformador chamado Úlrico Zwínglio. Era mais novo do que Lutero apenas 50 dias, mas tinha formação e idéias di­ferentes do reformador alemão.
Úlrico Zwínglio nasceu na Suíça, no dia 1º de janeiro de 1484. Seu pai era ma­gistrado provin­cial. Sua família tinha uma boa posição social e financeira, o que lhe permitiu estudar em importantes escolas daquela época. Estudou na Universidade de Viena, de Basiléia e de Berna. Graduou-se Bacha­rel em Artes, em 1504, e Mestre dois anos depois.
Em 1506 Zwínglio tornou-se padre, embora o seu interesse pela religião fosse mais intelectual do que espiritual. Em 1520 Zwínglio passou por uma profunda experiência espiritual, causada pela morte de um irmão que­rido. Dois anos depois iniciou um trabalho de pregação do evan­gelho, baseando-se tão so­mente na Escritura Sa­grada. O Papa Adriano VI proibiu-o de pregar. Poucos meses depois, o governo de Zuri­que, na Suíça, resolveu apoiar Zwínglio e ordenou que ele continuasse pregando.
Em 1525 Zwínglio casou-se com uma viúva chamada Ana Reinhard. Nesse mesmo ano Zurique tornou-se, oficialmente, protestante. Outros cantões (estados) suí­ços também aderiram ao protestan­tismo. As divergências entre estes cantões e os que permaneceram fiéis a Roma iam-se aprofundando.
Em 1531 estourou a guerra entre os cantões católicos e os protestantes, lidera­dos por Zurique. Zwínglio, homem de gênio forte, também foi para o campo de batalha, onde morreu no dia 11 de outu­bro de 1531.
Zwínglio morreu, mas o movimento iniciado por ele não morreu. Outros líderes deram conti­nui­dade ao seu trabalho. Suas idéias foram reestudadas e aperfeiçoadas. As igrejas que surgiram como resultado do movimento iniciado por Zwínglio são chamadas de igrejas re­formadas em alguns países, e igrejas presbiterianas em outros. Dentre os líderes que levaram avante o movimento iniciado por Zwínglio desta­cam-se Gui­lherme Farel e João Calvino.

GUILHERME FAREL (1489-1565)

Guilherme Farel nasceu em Gap, província francesa do Delfinado, no ano de 1489. Os seus bió­grafos o descrevem como um pregador valente e ousado. Embora sua família fosse aristocrática, ele era rude e tosco. Sua eloqüência era como uma tempes­tade.
Farel converteu-se em Paris. O homem que o levou a Jesus Cristo era seu pro­fessor na universi­dade e se chamava Jacques LeFévre. Parece que Farel inicialmente não pretendia deixar a Igreja Cató­lica, pois em 1521 ele iniciou um trabalho de pregação sob a proteção do bispo de Meaux, Guilherme Briçon­net. Mas logo depois foi proibido de pregar e expulso da França, acusado de estar divulgando idéias pro­testantes.
Em 1524 estava em Basiléia fazendo as suas pregações. Mas a sua impetuosi­dade o levou a ser expulso da cidade.
Em 1526 Farel iniciou o seu trabalho de pregação na Suíça de fala francesa. Li­gou-se aos se­guido­res de Zwínglio. Conseguiu implantar o protestantismo em vários cantões (estados) suíços. E em 1532 entrou em Gene­bra pela primeira vez. Sua prega­ção causou tumulto na cidade. Teve que se reti­rar... Mas voltou logo depois. E no dia 21 de maio de 1536, a Assembléia Geral declarou a cidade ofi­cialmente pro­testante.
Mas Genebra aceitara o protestantismo mais por razões políticas que espiritu­ais. E agora Farel tinha uma grande tarefa pela frente: reorganizar a vida religiosa da cidade.
Guilherme Farel era um homem talhado para conquistar uma cidade para o pro­testantismo. Mas se perdia completamente no trabalho que vinha a seguir. Não sabia planejar, nem organizar, nem lide­rar, nem pastorear. Mas, felizmente, conhecia suas li­mitações e convidou João Calvino para reorgani­zar a vida religiosa de Genebra.
No dia 23 de abril de 1538, Farel e Calvino foram expulsos da cidade. Calvino foi para Estras­burgo, onde pastoreou uma igreja formada por refugiados franceses. Fa­rel foi para Neuchâtel, uma ci­dade que havia sido con­quistada por ele para o Evange­lho. Calvino voltou para Genebra em 1541. Fa­rel perma­neceu em Neuchâtel, onde fale­ceu em 1565, com 76 anos de idade.

JOÃO CALVINO (1509-1564)

O homem responsável pela sistematização doutrinária e pela expansão do pro­testantismo refor­mado foi João Calvino. O “pai do protestantismo reformado” é Zwínglio. Mas o homem que moldou o pensamento refor­mado foi João Calvino. Por isso, o sis­tema de doutrinas adotado pelas Igrejas Refor­ma­das ou Presbiterianas chama-se cal­vinismo.
João Calvino nasceu em Noyon, Picardia, França, no dia 10 de julho de 1509. Seu pai, Geraldo Calvino, era advogado e secretário do bispado de Noyon. Sua mãe, Jeanne le Franc, faleceu quando ele tinha três anos de idade.
A família Calvino tinha amizade com pessoas importantes. E a convivência com essas famílias levou João Calvino a aprender as maneiras polidas da elite daquela época.
Geraldo Calvino usou o seu prestígio junto ao bispado para conseguir a nomea­ção de seus fi­lhos para cargos eclesiásticos, conforme os costumes daquela época. An­tes de completar doze anos, João Cal­vino foi no­meado capelão de Lá Gesine, próximo de Noyon. Não era padre, mas seu pai pa­gava um padre para fazer o tra­balho de cape­lania e guardava os lucros para o filho. Mais tarde essa capelania foi trocada por outra mais rendo­sas.
Em agosto de 1523, logo depois de ter completado 14 anos, João Calvino in­gressou na Univer­si­dade de Paris. Ali completou seus estudos de pré-graduação no começo de 1528. A seguir foi para a Uni­versidade de Or­léans onde formou-se em Di­reito.
Em maio de 1531 faleceu Geraldo Calvino. E João, que estudara Direito para satisfazer o pai, re­solveu tornar-se pesquisador no campo de literatura e filosofia. Para isto, matriculou-se no Colégio de França, instituição humanista fundada pelo rei Fran­cisco I. Estudou Grego, Latim e Hebraico. Tor­nou-se profundo conhecedor dessas lín­guas.
Em 1532 João Calvino lançou o seu primeiro livro: Comentários ao Tratado de Sêneca sobre a Clemência. Os intelectuais elogiaram muito a obra. Era um trabalho de grande erudição. Mas o público ignorou o lançamento – poucos compraram o livro.
João Calvino converteu-se a Jesus Cristo entre abril de 1532 e o início de 1534. Não se sabe deta­lhes da sua experiência. Mas a partir daí Deus passou a ocupar o pri­meiro lugar em sua vida.
No dia 1º de novembro de 1533 Nicolau Cop, amigo de Calvino, tomou posse como reitor da Uni­versidade de Paris. O seu discurso de posse falava em reformas, usando linguagem semelhante às idéias de Lutero. E o comentário geral era que o dis­curso tinha sido escrito por Calvino. O rei Fran­cisco I resol­veu agir contra os lutera­nos. Calvino e Nicolau Cop foram obrigados a fugir de Paris.
No dia 4 de maio de 1534 Calvino compareceu ao palácio do bispo de Noyon, a fim de renun­ciar ao cargo de capelão. Foi preso, embora por um período curto. Liber­tado logo depois, achou melhor fugir do país. E no final de 1535 chegava a Basiléia ci­dade protestante, onde se sentiu seguro.
Em março de 1536 Calvino publicou a sua mais importante obra – Instituição da Religião Cristã. O prefácio da obra era uma carta dirigida ao rei da França, Francisco I, defendendo a posição protes­tante. Mas a Instituição era apenas uma apresentação or­denada e sistemática da doutrina e da vida cristã. A edi­ção definitiva só foi publi­cada em 1559.
A Instituição da Religião Cristã, conhecida como Institutas de Calvino, é a mais completa e im­portante obra produzida no período da Reforma.
Em julho de 1536 Calvino chegou a Genebra. A cidade tinha se declarado ofici­almente protes­tante no dia 21 de maio daquele ano. E Guilherme Farel lutava para reor­ganizar a vida religiosa da ci­dade.
Calvino estava hospedado em uma pensão, quando Farel soube que ele estava na cidade. Foi ao seu encontro e o convenceu a permanecer ali para ajudá-lo na reor­ganização da cidade.
Calvino era bem jovem – tinha apenas 27 anos. A publicação das Institutas fi­ze­ra dele um dos mais impor­tantes líderes da Reforma na França. Mas o seu início em Genebra foi muito modesto. Ini­cial­mente ele era apenas um preletor de Bíblia. Um ano depois foi nomeado pregador. Mas enquanto isso elaborava as normas que pre­tendia implantar e fazer de Genebra uma comunidade modelo.
João Calvino teve muitos adversários e opositores em Genebra. À medida que ele ia apresen­tando as normas que pretendia implantar na cidade, a fim de torná-la uma comunidade modelo, a opo­sição ia crescendo. Finalmente a oposição venceu as elei­ções. E no dia 23 de abril de 1538, Calvino e Farel foram banidos de Gene­bra.
Calvino foi para Estrasburgo, onde pastoreou uma igreja constituída de refugia­dos franceses. Ali viveu os dias mais felizes de sua vida. Casou-se. A escolhida se chamava Idelette de Bure. Era ho­landesa. E viúva.
Genebra, enquanto isso, passava por várias mudanças. Os adversários de Cal­vino foram derro­ta­dos. E, no dia 13 de setembro de 1541, ele entrava novamente em Genebra. Voltava por insistência de seus amigos. Vol­tava fortalecido. E, enfim, pôde re­organizar a vida religiosa da cidade.
Calvino introduziu o estudo do seu catecismo, o uso de uma nova liturgia, um governo eclesi­ástico presbi­terial, disciplinou a vida civil, estabeleceu normas para o funcionamento do comércio e fez de Ge­nebra uma ci­dade modelo.
No dia 29 de março de 1549 Idelette faleceu. Mas Calvino continuou o seu tra­ba­lho. Pesqui­sava, escrevia comentários bíblicos e tratados teológicos, administrava, pastoreava, incentivava...
Em 1559 fundou a Academia Genebrina – a Universidade de Genebra. Jovens de vários países vieram estudar ali e levaram a semente do evangelho na volta à sua terra. Esses jovens se espalharam pela França, Paí­ses Baixos, Inglaterra, Escócia, Ale­manha e Itália.
João Calvino faleceu em Genebra, no dia 27 de maio de 1564. Mas a sua obra permaneceu viva.

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